Se você clicou neste artigo provavelmente não sabe o que é nomofobia ou não tem certeza do que se trata. Mas sua curiosidade será útil principalmente se pertencer ao grupo dos 18 aos 35 anos. Não que essa doença seja exclusiva dessa faixa etária, mas sua prevalência é maior nesse grupo.
Também não será a última vez que ouvirá sobre nomofobia. É um transtorno que vem crescendo muito nas últimas décadas e já desperta preocupação de autoridades médicas no mundo inteiro.
Estima-se que 280 milhões de pessoas no planeta sofram ou tem inclinação a sofrer desse mal. Número que promete subir ainda mais em decorrência da pandemia.
Ela é capaz de despertar pensamentos obsessivos, irritabilidade e até depressão.
Afinal, o que é nomofobia?
O problema de ser muito direto com essa resposta é que muitas pessoas que sofrem do transtorno julgam que não se enquadram nessa categoria. O vício está tão entranhado em suas rotinas que acham seu comportamento completamente normal, até começarem a sentir perda da qualidade de vida, o que pode levar um tempo.
Para evitar o reforço desse comportamento, antes de ser explícito sobre o que é nomofobia, farei uma descrição do comportamento de uma pessoa que padece do distúrbio.
Se você se identificar muito, independente de sua convicção, leia o artigo até o final, pois poderá ser muito útil para você.
Uma típica situação de nomofobia
Juliana acorda e a primeira coisa que faz é pegar no celular para conferir a bateria, o sinal do wi-fi e a hora. Ela se levanta e fita o roteador temendo ver uma repulsiva luz vermelha. Mas logo se acalma ao perceber que tudo está verde.
Ao limpar-se e tomar café, pega o celular e entra em todas as suas redes sociais, responde e envia mensagens, se atualiza dos assuntos do momento e larga o celular.
Uau! Como a hora voou…
Ela corre para fazer suas obrigações.
Porém, nem ao menos passou 5 minutos desde que começou a trabalhar e surge na sua cabeça a preocupação com a bateria do celular. Será que vai ter bateria suficiente na hora da pausa? E depois do serviço? É melhor deixar carregando.
Ela se levanta e põe o celular para carregar, mesmo estando mais da metade da bateria carregada.
Ela volta novamente para o seu afazer e logo se sente sem ânimo. O que será que está rolando nas redes? É hoje que sai vídeo daquele canal que eu gosto? Quais serão os trends topics? Não dá. Não está rolando. Não estou conseguindo produzir. Melhor dá uma pausa para aliviar a tensão e voltar com tudo!
E pega o celular.
Mas droga!
Que porcaria de internet! Está demorando mais de 30 segundos para carregar essa página? Logo na minha pausa? Essa operadora é um lixo!
Meu Deus?! Será que tá vermelho aquela porcaria? Não, ufa. Era só o que faltava. Mas será que é um sinal de que vai cair a qualquer momento? Não! Deixa eu mandar mensagem avisando que seu eu não responder é porque estou sem net.
Justo hoje, justo agora. Já pensou se fica mais de um dia sem sinal. Que nem daquela vez?! Não, por favor, não!
Nossa, passou uma hora…
O que é nomofobia?
O que você acaba de se deparar é com um quadro típico de nomofobia. Mas o que é nomofobia?
Nomofobia vem do inglês, “no mobile”, sem telefone, e “phobia” equivalente a fobia. É um medo irracional de ficar sem utilizar o aparelho celular, independente do motivo. É um estado de pânico ante a ameaça de não poder se comunicar por meio de aparelhos celulares e usar todos os recursos de que dispõem no momento.
Temor que provoca comportamentos obsessivos e grau de dependência alarmante.
A tecnologia do mundo digital trouxe a tona esse problema, uma vez que conta com aportes financeiros estratosféricos de grandes corporações e por proporcionar muitas facilidades a preços acessíveis.
Em 2018, por exemplo, a OMS classificou a dependência tecnológica como um distúrbio mental, tamanho o impacto que a tecnologia digital vem provocando no cotidiano de milhões de pessoas.
O celular ganha destaque por ser o dispositivo que mais se popularizou nas últimas décadas e por hoje ser considerado um item indispensável.
Quais são os riscos proporcionados pelo transtorno?
Seguindo com o artigo sobre o que é nomofobia, a primeira vista, talvez não veja grande problema, mas essa dependência é potencialmente nociva não só a pessoa que vive essa condição, mas também a pessoas do seu círculo social.
Primeiro temos a questão da produtividade. Segundo um levantamento de 2016, a média de horas diárias gastas em celulares pelos brasileiros é de 4hs e 48 minutos. A época a mais alta do mundo e provável que esse número tenha crescido pós-crise de 2020.
Ficar muito tempo dedicado ao celular pode prejudicar suas relações afetivas e profissionais.
Metade dos adultos verifica o telefone compulsivamente, ou seja mais de uma vez em uma hora.
Ainda acha nada demais? Veja esse dado então: Uma em 20 pessoas admite usar o iPhone durante o sexo.
Conforme se avalia os dados dos estudos, a escalada dessa dependência aumenta e se torna mais perigosa. No Brasil, 80% dos motoristas afirmam que enviam ou leem mensagens enquanto dirigem.
A pessoa com nomofobia tende a ficar mais ansiosa, com problemas de insônia e incentivar os filhos a reproduzirem seu comportamento. Interagir mais com pessoas por telefone do que pessoalmente não é saudável.
Os sintomas da nomofobia
Agora que sabe o que é nomofobia, veja quais são os principais sintomas do transtorno.
- A incapacidade de desligar o telefone;
- Verificar de maneira obsessiva mensagens, e-mails e chamadas;
- Insatisfação extremada com eventual instabilidade da internet;
- Irritação, depressão e instabilidade do humor ao ficar afastado do celular;
- Carregar constantemente a bateria.
Entre outros.
Causas da nomofobia
Entre as causas da nomofobia destacam-se a baixo autoestima, pois o contato remoto diminui a exposição e possibilita a projeção de um eu idealizado ao público, a dificuldade nos relacionamentos sociais, o que provoca isolamento e consequente diminuição de interação humana, e o vício em relação ao sistema de recompensa das principais redes sociais manifestos em curtidas e compartilhamentos.
Existe tratamento para nomofobia?
Chegando a conclusão deste artigo sobre o que é nomofobia, geralmente um detox digital é recomendado para diminuir a dependência com o aparelho e dedicar mais tempo para interações e ações mais saudáveis.
Contudo, essa estratégia pode ser arriscada, pois se assemelha a interrupção brusca do fumante em relação ao consumo do cigarro. Os efeitos colaterais costumam ser devastadores.
O melhor é diminuir gradualmente o tempo de uso.
Porém apenas o distanciamento do aparelho por determinado período não é o bastante para resolver em definitivo o problema, considerando que a causa da dependência seja de natureza mais profunda.
Se as dificuldades nos relacionamentos sociais forem a causa por trás do vício, por exemplo, se manter longe do celular por algumas horas terá efeito apenas de abrandar sintomas, mas não promover a cura de fato, pois não atacará a fonte do problema.
Se a dificuldade for inibição social, baixa auto estima, o problema talvez tenha como causa um bloqueio interno, um trauma, o que vai requerer tratamento mais profundo como a hipnoterapia (mais detalhes aqui).
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