Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 6% dos brasileiros tem medo de dirigir. Mas não é aquele friozinho na barriga típico de quem está prestes a fazer uma apresentação, viajar para um local há muito desejado ou o medo de ser reprovado em um exame.
É um medo paralisante, que desperta reações físicas desagradáveis. Sudorese, tremedeira, taquicardia… É um medo que passa do comum, do aceitável, e entra na categoria de “fobia”.
Existe até um termo para o medo de dirigir: amaxofobia.
Detalhe, essa fobia tem maior proeminência em mulheres.
O medo de dirigir
Um dos sentimentos mais impopulares por nossa espécie é o medo. Ele é visto como o principal entrave para realizarmos nossos desejos, sonhos, vencer as nossas limitações e nos sentirmos mais plenos.
Porém, é injusto creditar apenas aspectos negativos a esse sentimento. Sem o medo, provavelmente nossa existência na Terra seria mais curta. Ele se trata de uma característica natural do cérebro humano ao identificar uma ameaça.
O medo garante que tenhamos uma ação rápida para evitar ou se proteger de um perigo: correr, se esquivar, pular, etc. Quando é acionado, inibe a parte racional de nosso cérebro. Primeiro, vem o instinto de sobrevivência, depois, a análise do ocorrido.
Refém de uma situação
O medo se torna um problema quando evolui para o quadro de fobia. Passa a ser tão intenso e desgastante que torna o indivíduo refém de uma determinada situação.
Sempre que se lembra do episódio traumatizante sente os sintomas limitantes que afetam a sua qualidade de vida. Quando se imagina revivendo a situação no futuro, também sente enorme desconforto e esgotamento mental.
O medo de dirigir é uma fobia que incapacita o indivíduo de exercer essa atividade. O faz desenvolver uma aversão a prática e resulta em sofrimento emocional e redução da autoestima.
Sentimento de exclusão
O automóvel ainda é um objeto de consumo muito valorizado na nossa sociedade, pois representa liberdade de locomoção, praticidade para exercer algumas tarefas importantes do cotidiano e é também um símbolo de status social.
A pessoa que se percebe incapaz de conduzir um veículo acaba se sentindo excluída de benefícios e de um grupo que se considera merecedora de fazer parte. Exclusão que afeta sua moral.
Mas quais são as causas do medo de dirigir?
Estudos psicológicos apontam algumas características e condições que favorecem o medo de dirigir.
Perfeccionismo e dificuldade de lidar com críticas
Há uma relação entre pessoas que não lidam bem com críticas, são perfeccionistas e sentem receio de errar, e o medo de dirigir. São pessoas inteligentes, aplicadas, estudiosas, mas muito da aplicação vem do desejo pela excelência e pelo temor de errar.
Acrescenta-se que erros no volante podem resultar em consequências graves, prejuízos materiais e físicos. A pressão por não errar nesse contexto se eleva ao quadrado.
Sem dúvida, a impaciência e os comentários maldosos de pessoas estúpidas no trânsito sobre o desempenho ao volante contribuem para aumentar a insegurança.
Medo da vida
Há também uma explicação de teor simbólico. Dirigir um carro representa também ser o condutor da própria vida, viver com independência. Seria um rito de passagem.
Chegou à maioridade, legalmente tem direito de conduzir um carro, desde que aprovado em testes, agora pode ir para onde quiser e quando quiser. É livre, independente, adulto.
Ou seja, em boa parte dos casos, o medo de dirigir está associado ao medo de dirigir a própria vida.
Desinteresse e receio de distanciamento do parceiro
Esse temor é mais presente em mulheres. Primeiro pelo desinteresse histórico do público feminino por carros (em comparação aos homens, embora isso tenha mudado significativamente nas últimas décadas) e pela insegurança provocada pela ausência do marido.
Como geralmente é o esposo que leva a mulher para os lugares que pretende ir, ele está sempre por perto.
Começar a dirigir por conta própria causa um afastamento natural e receio de que esse tempo maior longe do marido estimule distanciamento por parte dele.
Eventos traumáticos
Outra causa do medo de dirigir são experiências passadas traumatizantes. Por exemplo: acidente de carro.
Os sintomas do medo de dirigir
Se você tem dúvida sobre o seu receio de pegar no volante (todos, principalmente nas primeiras aulas, têm receio), verifique se apresenta mais de um dos sintomas abaixo:
- Ansiedade;
- Taquicardia (coração acelerado);
- Suor frio;
- Mãos e pés trêmulos;
- Dor de estômago;
- Tonturas;
Acredita que seja o seu caso? E agora? Há tratamento?
Como tratar o medo de dirigir?
O tratamento para quem tem medo de dirigir tem um complicador em relação a outros transtornos mentais. Geralmente, podem-se receitar medicamentos ansiolíticos para reduzir os sintomas mais desgastantes.
Mas ingerir substâncias entorpecedoras é uma péssima ideia se o paciente precisa enfrentar o medo de dirigir. Afinal, conduzir um carro necessita do máximo de atenção para evitar acidentes.
As alternativas de tratamento são a terapia tradicional com psicólogos e hipnoterapia.
O que é hipnoterapia e como ela pode ajudar a perder o medo de dirigir?
Hipnoterapia é um tratamento que usa a hipnose como ferramenta terapêutica. No Brasil, ela é indicada principalmente como um complemento da psicoterapia, mas não é necessário o encaminhamento por parte de um médico para se submeter ao método.
A maioria dos pacientes acaba conhecendo esse tratamento por indicação médica por desconhecer sua existência ou duvidar de sua eficácia. Mas é uma terapia reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina e praticada há décadas no Brasil e em outros países, como EUA.
Ao usar de hipnose, o hipnoterapeuta ajuda o paciente a acessar o seu subconsciente, a região mental em que fica registrada as lembranças mais primitivas e reprimidas do ser. O paciente é preparado para enfrentar o seu medo com menos resistência, a romper com as reações automatizadas e naturalizadas pelo inconsciente.
Faz-se um trabalho de regressão ao trauma usando como meio as lembranças do paciente. Ao se identificar o episódio que originou a fobia, o indivíduo passa a aprender exercícios mentais para ressignificar esse momento.
Resultados mais rápidos
Por ser uma abordagem mais direta, não depender tanto da abertura do paciente para relatar o seu histórico, os resultados da hipnoterapia costumam ser mais rápidos e por isso dispensar o uso de medicamentos.
Em poucas sessões o indivíduo sente diferenças notáveis e passa a ter mais confiança para dirigir.
Saiba mais
Para saber mais detalhes sobre hipnoterapia, como são as sessões, quem pode aplicar e onde receber esse tratamento, clique aqui.
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